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Chamavam-me de ouro, acompanhando a vida desta mulher comecei a me entender como anel de Ferro.
Por muitos anos fui usado para unir dois humanos que se amavam muito e tiveram uma filha. Vi ela crescer, quando completou 18 anos, ela foi vendida pelos pais e pela sua família para um homem que eu nunca tinha visto.
Então, a mãe ofereceu-me à ela, e eu sabia que era para a proteger, porém, ela não sabia, porque não queria ser comercializada pelos pais e pela sua família para um homem recôndito.
O que ela não sabia, é que a mãe também não aprovava, porém, pressionada pelo pai e pela sociedade, sentiu - se forçada a aceitar. O pai queria garantir a sua reforma e ficou muito feliz pelas cinco vacas e cinco bois, sem contar com outros negócios tenebrosos que tinha com a família daquele homem.
No tal dito lobolo, enquanto ela tentava com muita força sorrir para as amigas, apareceu o amigo dela de infância, eu o conhecia, assistia-os brincar. E foi a primeira vez que senti o corpo dela estremecer de vergonha e ansiedade, porque ela queria saber quem foi o traíra que contou ao amigo sobre o lobolo. Toda noite tentou evitar uma possível comunicação com ele, mas não conseguiu desarvorar.
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O amigo perguntou-lhe se ela estava feliz, ela respondeu-lhe que sim, porém era mentira e naquele momento, senti que os dois sabiam.
" Estarei sempre ao seu lado" proferiu o amigo e eu não consegui perceber, deve ter sido o motivo pelo qual ela chorou muito na casa de banho depois da festança terminar.
No primeiro dia que ela dormiu com aquele homem que a comprou, senti dor, pela força que ela exercia para se proteger sem querer mostrar que se protegia, senti as lágrimas de agonia que escorriam pelo rosto tão belo, sem querer mostrar que chorava, limpava as lágrimas com a mão. Os toques do homem eram brutos e ela tentava fingir que sentia - se abrigada, que não sentia tamanha repulsão por aquele homem. Mal que o sofrimento terminou, ele virou para o lado, sem se importar muito com ela, dormiu.
Ela levantou - se da cama, foi ao quarto de banho, olhando para o seu reflexo, tocou em suas partes íntimas e sentiu algo molhado e viscoso, percebeu que sangrava, senti a vergonha tomar conta daquele corpo esbelto. Os móveis da casa de banho, acompanhavam a sua lástima durante meses.
Um dia, ela fez algo que não entendi, fiquei bastante agastado, mas quem sou eu?! Sou apenas um anel.
Esperou o homem que lhe comprou, matabichar e sair de casa, para chamar o amigo. Quando o amigo chegou, sentaram-se no sofá da sala, estavam bastante próximos um do outro, ela começou a contar -lhe tudo que acontecia desde que começou a viver com o homem, no meio disso, usou palavras aterrorizantes, tais como: estupro, violência, agressão, submissão, mas o que mais temi foi quando ela falou do tal marido espiritual, pelo que percebi, sempre estava com ela, seguia lhe por todo lugar e assistia suas batalhas.
Por um momento, achei que ela falasse de mim, que ela sabia que assistia - lhe, continuei a escutar a conversa e percebi que não se referia à mim porque ela dizia que o marido espiritual castigava o homem que comprou-lhe, ela apenas tinha sonhos molhados e sonhos muito estranhos com o pai. Ela explicava que o marido espiritual cobrava uma dívida a família dela, e o pai é que deveria pagar a dívida, senão alguém morreria.
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O que me deixou furioso, era o fato dela ter contado ao amigo, e não aos pais, essa informação era perigosa e muito importante não podia contar o amigo, não podia expor a família dessa forma.
Minhas dúvidas dissiparam quando a mão do amigo confortou a mão dela, senti ela vibrar como nunca antes, foi um sentimento bom e talvez o mais puro que eu senti estando no dedo dela.
Ele a amava e nunca lhe faria mal, mas a vida me parece injusta.
Naquela tarde, largaram a timidez, tiraram as máscaras e se dedicaram em trocar palavras calorosas, beijos sedentos e infinitos, as mãos bobas ficaram desavergonhadas e vaguearam pelos horizontes mais íntimos, os gemidos foram se entrelaçando e soavam como música para as paredes da sala...
Uma semana depois do sucedido, ela estava em casa lavando a roupa do homem, cantando uma música bastante triste, quando ouviu a porta e foi atender, era uma das amigas dela que deu - lhe a notícia de que o amigo que ela tanto amava, faleceu, sofreu um acidente quando ia comprar pão, o condutor fugiu, e ele sangrou na estrada até perder a vida.
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A mulher não tirou uma lágrima sequer, mas a mente sangrava, a alma gritava por socorro e eu me entendi como anel ... Anel de Ferro.
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1 Comentários
Linda historia. Qulquer semelhança é pura coincidência. Gostei, as mheres devem aprender com este texto. A liberdade é deveras importante. Vamos investir na liberdade .
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